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vers?o On-line ISSN
Ciênc. cogn. v.14 n.3 Rio de Janeiro nov. 2009
Legado amb&guo: hip&teses can&nicas sobre o funcionamento da mente na esquizofrenia
The ambiguous legacy: canonical hypotheses about mind functioning in schizophrenia
&Alvaro Machado Dias
Universidade de S&o Paulo (USP), S&o Paulo, S&o Paulo, Brasil
Este ensaio tem por objetivos a apresenta&&o de tr&s hip&teses can&nicas para a atual compreens&o do funcionamento da mente na esquizofrenia e avaliar o seu impacto na ci&ncia contempor&nea. As hip&teses apresentadas s&o: 1. A proje&&o como aspecto elementar do modo como o portador de esquizofrenia
2. A perda de assimetria interhemisf&rica como leit motiv do re 3. Redes conexionistas alimentadas por backpropagation como estruturas v&lidas para a simula&&o de d&ficits de pensamento e alucina&&es. Resultados: em algum n&vel, todas estas hip&teses foram recha&adas pela ci&ncia main stream. A proje&&o foi preterida por modelos de externaliza&&o; perdas de assimetria foram redimensionadas por mode modelos conexionistas com backpropagationforam substitu&dos por modelos estritamente feedforward, com topologias de redes de pequenos mundos. N&o obstante, estas novas hip&teses freq&entemente mais se aproximam do que se diferenciam daquelas, o que por sua vez contrasta com a tend&ncia igualmente frequente de se apresentam como contraponto &s mesmas, aspecto o qual o presente artigo busca revelar.
Palavras-chave: process etiologia.
This essay aims to introduce three canonical hypotheses to the current understanding of the mind's functioning in schizophrenia and to evaluate their impact within contemporary science. The hypotheses herein presented are: 1. Projection as the core mechanism through which the individual with schizophrenia inte 2.Loss of hemispheric asymmetry as the leit motiv
3. Backpropagation connectionist neural networks as valid frameworks to simulate abnormal reasoning and hallucinations. Results: all these hypotheses were somehow discharged by the main stream science. Projection was replace loss of asymmetry was reconsidered as part of backpropagation neural nets were surpassed by strictly feedforward schemas imbibed in small world topologies. Nevertheless, these newer hypotheses frequently have more in common than what they have to distinguish from those others, and this contrasts with the also frequent tendency of presenting themselves as a counterpoint to the others, feature which, the present article aims to reveal.
Keywords: info etiology.
Introdu&&o
A atual compreens&o do funcionamento da mente na esquizofrenia divide-se em m&ltiplos dom&nios epistemol&gicos e envolve diversas metodologias, as quais, em &ltima an&lise, fundem-se tornando toda divis&o um recurso meramente did&tico e provis&rio.
Mediante tal didatismo, & poss&vel dividir estes dom&nios em tr&s grandes grupos: psicologia, neurobiologia e processamento informacional. Sob o conceito de psicologia podemos compreender o dom&nio da experi&ncia e dos processos reacionais associados, sob o conceito de neurobiologia podemos compreender os processos subjacentes & produ&&o dos fen&menos que emergem no n&vel da psicologia e, sob o conceito de processamento informacional, podemos considerar um dom&nio longitudinal, dado pelas computa&&es que ocorrem ao longo das cadeias neurais e suas manifesta&&es no n&vel do conhecimento e do comportamento (para detalhes, ver: Newell e Simon, 1972).
Considerando a sucess&o de hip&teses endossadas pelo avan&o da psicologia e da ci&ncia psicopatol&gica em cada um destes dom&nios, & comum que deixemos de lado a percep&&o de legados e continuidades, at& porque estes est&o muitas vezes encobertos e/ou, sobretudo, representam apenas uma parte de outras tantas hip&teses mais recentes.
Neste sentido, o objetivo deste artigo & articular uma hip&tese de cada um dos 'dom&nios did&ticos' definidos acima, com as tend&ncias atuais da ci&ncia psicopatol&gica. Para tanto, tomarei por 'tend&ncias atuais', estudos que estejam sendo atualmente desenvolvidos e referenciados nas mais prestigiosas revistas de psiquiatria e neuroci&ncias cognitivas.
As tr&s hip&teses s&o:
1) A proje&&o como aspecto elementar do processo reacional na esquizofrenia (sobretudo de tipo paran&ide);
2) A esquizofrenia como fruto de perdas de assimetria inter-hemisf&
3) As alucina&&es verbais como efeito de hiperativa&&o de n&dulos-neurais modelados computacionalmente atrav&s de uma rede de processamento de tipo conexionista, alimentada por back-propagation.
Para facilitar a exposi&&o, irei dividir cada se&&o em duas partes, na primeira apresentarei a hip&tese de base de maneira sucinta, partindo de seus aspectos mais elementares em se na segunda, discutirei seu legado, partindo das cr&ticas que for&aram o surgimento de hip&teses alternativas, passando pela defini&&o de sua penetra&&o na literatura atual (por n&mero de cita&&es) e, finalmente, delineando sua influ&ncia sobre novos estudos.
1. Modelo freudiano de psicose: a origem do moderno conceito de proje&&o
Freud nunca fez uma an&lise cl&nica e sistem&tica das desordens do espectro esquizofreniforme. N&o obstante, realizou uma an&lise liter&ria de um caso de psicose fortemente caracterizada por del&rios paran&ides e progress&o deteriorante, de cunho catat&nico, em face da qual delineou a aplica&&o do conceito de proje&&o & an&lise do comportamento psic&tico.
Trata-se do caso de Schreber (Freud, 1911), um eminente juiz que produziu um di&rio de mem&rias, entre as quais & narrada uma fantasia de emascula&&o, cujo ponto culminante definia-se pelo temor de que estivesse fadado ao desposamento de Deus, para a produ&&o de uma nova esp&cie de seres humanos.
Seu del&rio caracterizou-se por uma progressiva perda de contato com a realidade (isto &, pela grandiloq&&ncia crescente das fantasias), cujo eixo manifesto primordial gerava em torno da fantasia de que estaria sendo perseguido pelo seu primeiro m&dico, Dr. Felchsig.
Em um primeiro momento, alinhavando a progress&o do del&rio sob o mote de que estivesse em curso uma crescente 'metaforiza&&o da mesma condi&&o de base', Freud associou a fantasia de emascula&&o com a hip&tese de subvers&o afetiva em rela&&o a eventuais impulsos er&ticos dirigidos ao pr&prio Dr. Felchsig. Subseq&entemente, estendendo esta modelagem, Freud tamb&m teorizou que o Dr. Felchig fosse apenas um representante, em uma seq&&ncia substitutiva de representes, em sentido & figura do pai.
Neste sentido, o narcisismo de Schreber (que em termos mais espec&ficos da teoria estaria na g&nese do pr&prio impulso homossexual), o inscreveria em um estado de profunda e irrevog&vel obje&&o & aceita&&o da condi&&o desejante, fazendo-o investir grande energia para manter esta amea&a apartada do plano da consci&ncia. Mais amplamente, o uso deste recurso tampouco poderia ser reconhecido como tal por Schreber, pois assim justamente haveria a emerg&ncia do conflito & consci&ncia e diminui&&o da capacidade refutadora. Isto explicaria o fato de o sujeito n&o ter nenhuma consci&ncia de sua pr&pria condi&&o.
Para a preserva&&o desta din&mica, o principal leitmotiv seria a proje&&o (Freud, 1896; Freud, 1911; Freud, 1922), mecanismo de expuls&o dos conte&dos indesej&veis. Em face desta, o sujeito tamb&m reencontraria tais conte&dos na suposta inten&&o de outros agentes. Um aspecto digno de nota & a prerrogativa de que a pr&pria proje&&o tamb&m evoluiria em um movimento de crescente apartamento do princ&pio de uma realidade compartilhada, conforme o sujeito afetado se aprofundasse no esfor&o de destacamento destes conte&dos. Este proleg&meno inspirou Freud a desenvolver a c&lebre 'equa&&o simb&lica', em face da qual teorizou que a din&mica paran&ide deveria obedecer n&o apenas & din&mica de um desejo insatisfeito por natureza, mas a do narcisismo: 'eu amo' se tornaria 'eu odeio', 'eu odeio' se tornaria 'sou odiado', 'sou odiado' se tornaria 'sou importante' e -no caso de Schreber-'sou importante' em 'Deus me quer para uma miss&o especial, na qual n&o quero participar', representativa da hiperestasia de seu narcisismo.
&E digno de nota o fato de que, a despeito da nosologia freudiana ser espec&fica da psican&lise, a utiliza&&o dos conceitos de paran&ia e parafrenia tenha sucedido o uso da designa&&o 'psicose narc&sica' atestando a import&ncia do conceito de narcisismo para a concep&&o do autor sobre este tipo de adoecimento ps&quico. O fato de as fantasias de cunho paran&ide reiteradamente situarem o portador da psicose no centro das aten&&es (positiva ou negativamente) seria o reflexo mais bem acabado da prem&ncia do narcisismo psic&tico.
Segundo Freud, a crescente espiral do del&rio levado a cabo sob o mote da equa&&o simb&lica definida acima, retrataria a cronicidade ao expressar a intensifica&&o da nega&&o da realidade (verlegung). Ao contr&rio da repress&o, a nega&&o seria menos um mecanismo (um dispositivo espec&fico) e mais uma ruptura com os par&metros sobre os quais se organizaria a rela&&o objetiva e mediada pela aceita&&o de cren&as e pr&ticas comuns, derivando-se em uma desestrutura&&o da objetividade.
A nega&&o d& as sauda&&es de boas vindas & 'miss&o' de Schreber: a luta para se manter cego aos pr&prios desejos, vertida na miss&o de fugir de um perigo eminente, conduzlhe a uma espiral de crescente sofrimento mental, reflexa do car&ter estrutural do seu conflito interior, culminando na ampla nega&&o dos alicerces de uma realidade compartilhada.
Discuss&o:a hip&tese de uma g&nese psicol&gica das psicoses n&o se sustentou historicamente, em fun&&o de muitos achados, como por exemplo, a correla&&o aumentada entre g&meos monozig&ticos criados por pais separados (para revis&o sistem&tica: Ratner, 1982). Junto com ela, tamb&m caiu consideravelmente em desuso, a assun&&o de que um eixo nosol&gico preponderante, no caso dado pelos 'sintomas positivos', capaz de alavancar os outros. Atualmente, & fact&vel considerar que as dimens&es nosol&gicas sejam duas (Crow, 1980), tr&s (Arndt et al., 1991; Chemerinski et al., 2006; Grube et al., 1998; Johnstone e Frith, 1996) ou cinco (Dikeos et al., 2006; Lindenmayer et al., 1994) e que cada dimens&o da condi&&o sindr&mica represente um acr&scimo & sua derradeira configura&&o.
Para al&m de seu alicerce metodol&gico (i.e. a concep&&o de sintomas prim&rios e secund&rios de Schneider, 1959), isto se justifica em fun&&o de estudos que sugerem a segrega&&o estatisticamente independente de cada dimens&o. Por exemplo, aplicando um question&rio de desempenho cognitivo (CFQ), foi demonstrado que os sintomas positivos de cunho afetivo n&o possuem correla&&o estat&stica forte para com a ocorr&ncia de sintomas cognitivos (Rapoport et al.,2005), apesar de a apresentarem em rela&&o aos sintomas negativos, enquanto um outro estudo sugeriu que pacientes portadores de del&rios paran&ides n&o apresentam tra&os evidenci&veis de baixa testagem de hip&teses em tomadas de decis&o (Rapoport et al., 2005).
&E de se notar que, a princ&pio, estes achados podem at& coabitar com os paradigmas da din&mica psicol& n&o obstante, o verdadeiro problema epistemol&gico se imp&e desde os in&meros estudos que demonstram a alta incid&ncia de d&ficits cognitivos entre os pacientes psic&ticos (para uma revis&o sistem&tica atualizada: Zilles e Cruber, 2008). A exist&ncia dos mesmos, aliada & sua clara implica&&o para as dificuldades de relacionamento dos pacientes psic&ticos, imp&e limites & din&mica da nega&&o, psicologicamente mediada.
Neste mesmo sentido, no que tange & cronicidade, a hist&ria veio a privilegiar a concep&&o arraigada na deteriora&&o biol&gica, tal como asseverado por Kraepelin (), do que pelo conceito de nega&&o. Atualmente, um sem n&mero de estudos que deixam poucas d&vidas sobre a exist&ncia deste tipo de correla&&o (para achados recentes ver: Barch e Smith, 2008; Hijman et al., 2008; Horan et al., 2008; Kerns et al., 1999; Laurens et al., 2008; Reichenberg e Harvey, 2007; Skelley et al., 2008; Toulopoulou, 2008; Ungvari et al., 2008).
N&o obstante, este recha&amento hist&rico por parte da ci&ncia mainstream& sobretudo de tipo etiol&gico, asseverando que a via de express&o do fen&meno & do tipo processo (end&geno) -desenvolvimento (manisfesta&&o). Uma vez que esta dimens&o deixe de se fazer problematizada, uma nova penetra&&o hist&rica do modelo vem & tona. Para al&m do fato de que os del&rios paran&ides s&o em geral del&rios refer&ncia e que Freud tenha dado um acabamento te&rico singular a esta conjuntura, desponta o fato de que o conceito freudiano de proje&&o esteja na base de alguns dos mais proeminentes modelos psicol&gicos e neuropsicol&gicos da atualidade, talvez sendo o mais robusto conceito para a caracteriza&&o dos mecanismos psicol&gicos. N&o sendo um pormenor o fato de que uma busca do software RefViz (Thomson Research) na base de dados PubMed resgata 253 trabalhos indexados nos &ltimos vinte anos, utilizando 'schizophrenia and projection' (qualquer campo).
No &mbito da psicologia, a despeito de todas as tentativas de dar-lhe nova roupagem, encontramos o conceito no cerne dos principais modelos, como os que foram desenvolvidos por Richard Bentall (Bentall 2004a; Bentall 2004b; Bentall 2006b; Bentall 2007; Bentall et al., 1991; Bentall e Slade, 1985a; Bentall e Slade 1985b) e por Beck e Rector (Beck e Rector, 2002; Beck e Rector, 2003; Beck e Rector, 2005), fundadores da teoria cognitivista de base psicol&gica, os quais freq&entemente utilizam o conceito de externaliza&&o.
Bentall e colaboradores (1994) sugeriram que uma contradi&&o entre os ideais pessoais e a experi&ncia de val&ncia negativa de perceptos seria respons&vel pela ativa&&o de mecanismos para a expuls&o do conte&do, preservando a auto-estima. Em suas pr&prias palavras (Blackwood et al., 2001): "Bentall sugeriu que este vi&s atributivo sirva para preservar a auto-estima, limitando o acesso da consci&ncia sobre aspectos negativos do eu, armazenados na mem&ria sem&ntica" (p. 528). J& Beck e Rector () assinalam que:
"Um claro marcador da distin&&o entre id&ias delirantes em rela&&o a n&o-delirantes & dado por dois vieses extremos: foco centrado em si mesmo e foco causal externo. Uma medida cr&tica do pensamento delirante & o grau com que o sujeito percebe a si mesmo como componente central ou objeto de eventos."
J& no que tange & neuropsicologia, a influ&ncia & especialmente not&vel entre os estudos relativos & etiologia das alucina&&es auditivas (sintoma positivo mais comum, ver: Beck eRector 2005; Behrendt, 1998).
Conforme sugerem os estudos de Paul Allen e colaboradores (Allen et al., 2007; Allen et al., 2004; Mechelli et al., 2007), pacientes que sofrem de alucina&&es auditivas exibem maus funcionamentos nas vias que regulam o agenciamento de representa&&es auditivas, o que os torna propensos a atribuir fen&menos de ocorr&ncia interna a fontes externas. Em um experimento com resson&ncia magn&tica funcional (fMRI), demonstrou-se que entre controles e pacientes que n&o sofrem de alucina&&es auditivas, a percep&&o de uma fonte externa de est&mulos verbais produz uma ativa&&o da por&&o superior do c&rtex temporal, enquanto pacientes que escutam vozes apresentam o mesmo padr&o de ativa&&o escutando a pr&pria voz ou vozes externas (Allen et al., 2007). Paradigmaticamente, foi demonstrado que esta tend&ncia end&gena se intensifica com a val&ncia (negativa) do est&mulo apresentado (Costafreda et al., 2008). Dir-se-ia: demonstrou-se a ess&ncia do fen&meno projetivo.
2. Esquizofrenia como o pre&o a se pagar pela aquisi&&o da linguagem
Timothy Crow j& era famoso por seu modelo nosol&gico (bidimensional), quando prop&s sua hip&tese mais arrojada: a de que a esquizofrenia seria uma conseq&&ncia filogen&tica indesej&vel da aquisi&&o da linguagem, por sua vez supra-determinada pela peculiar hemisferiza&&o assim&trica exibida pelo g&nero Homo (Crow, 1990a; Crow, 1990b; Crow, 1995; Crow 1999; Crow, 2006; Crow, 2008; Crow et al., 1996), hip&tese escorada na rela&&o entre habilidade verbal e tamanho aumentado do hemisf&rio esquerdo em destros (para meta-an&lise ver: Shapleske et al., 1999).
No cora&&o da hip&tese se encontra a assun&&o de que a linguagem verbal & uma aquisi&&o filogeneticamente recente, de modo que maus funcionamentos seria justamente o que se esperar do pequeno per&odo de press&o seletiva sobre o tra&o e, por conseq&&ncia, sobre os genes com potencial delet&rio sobre o endofen&tipo cerebral. Paralelamente, a s&ndrome & assumida como 'encefalopatia gen&tica' (Crow, 1990a) e estes genes sondados em fun&&o da regula&&o da assimetria.
A esquizofrenia & concebida 'atr&s do espelho da linguagem', por sua vez assumida como ess&ncia do pensamento humano e determinada pela express&o de genes que aumentam de sobremaneira o tamanho do Planum Temporalise &reas pr&-frontais esquerdas (i.e. c&rtex pr&-frontal dorsolateral esquerdo, conectividade frontotemporal) relacionadas ao processamento de linguagem.
Neste sentido, perdas de assimetria inter-hemisf&rica s&o postuladas como causadoras da esquizofrenia, a qual, na vis&o do autor, reflete de sobremaneira a exist&ncia de d&ficits cognitivos associados a m&s forma&&es & esquerda (para dados atualizados e independentes sobre estas na esquizofrenia, ver: Sommer et al., 2001; Zhang et al., 2008).
J& em termos da psicopatologia evolucion&ria, a hip&tese de Crow representou uma alternativa & maioria das hip&teses evolucion&rias, ao focar mais o dom&nio do endofen&tipo do que propriamente o do fen&tipo.
Discuss&o:contrariamente & assun&&o de que a esquizofrenia seria redut&vel ao conceito de 'encefalopatia gen&tica', & de se considerar que maus funcionamentos epigen&ticos (Flight, 2007) (i.e. metiliza&&es) e complica&&es obstetr&cias (Ballon et al., 2008; Boog, 2004; Kinney et al., 1994) s&o fatores de risco estatisticamente significativos.
Contrariamente & assun&&o de que as caracter&sticas neuropsicol&gicas, bem como a transmiss&o dos fatores de risco por meio de genes sejam exclusivos da s&ndrome, desponta o fato de que esquizofrenia e psicose bipolar freq&entemente correm nas mesmas linhagens e compartilham fatores de risco (para uma revis&o ver: Burdick et al., 2007), ao passo que compartilham aspectos fenomenol&gicos e cognitivos (Bearden et al., 2001; Bentall, 2006a; Bentall, 2004b; Reichenberg et al., 2008).
Em termos neuroanat&micos, um estudo que replicou a diminui&&o de volume temporal esquerdo, tamb&m a encontrou & direita, bem como revelou estatisticamente que este achado seria particularmente relacionado a cogni&&es sociais e n&o a desordens do pensamento (Yamasaki et al., 2007), enquanto outros autores n&o encontraram evid&ncias estat&sticas da rela&&o entre alucina&&es auditivas e diminui&&o da assimetria temporal (Shapleske et al., 2001). Ainda mais amplamente, & de se concordar com a premissa de que se a esquizofrenia fosse decorr&ncia de maus funcionamentos localizados, os d&ficits cognitivos seriam espec&ficos (Frith, 1996b), quando a realidade mostra que estes se estendem & mem&ria, aten&&o e controle motor (incluindo &culo-motor) (Carter et al., 1996; Park e Holzman, 1993; Riley et al., 2000; Saykin et al., 1994), seguindo os mesmos padr&es que diferenciam habilidades cognitivas entre os sexos: seja entre portadores de esquizofrenia ou controles, os homens revelam melhor desempenho em habilidades espaciais e as mulheres em habilidades verbais e solu&&o de problemas (Albus et al., 1997).
Isto posto, & de se notar que a perspectiva de se buscar uma causa evolucion&ria para a esquizofrenia pode ser significativa (para revis&o ver: Kelemen e K&ri, 2007). As taxas de reprodu&&o est&o diminu&das entre os portadores da s&ndrome, o que poderia levar ao desaparecimento dos tra&os que comp&em a unidade nosogr&fica. Sua penetra&&o constante ao longo do tempo refor&a a hip&tese de que reflita o resultado de press&es seletivas sobre alguma vari&vel fundamental para o fitnessdo g&nero Homo.
Em termos da psicopatologia evolucion&ria, a hip&tese de Crow inaugura uma tend&ncia que vem se tornando cara a estes estudos, a de refletir sobre causas distais (evolucion&rias) em rela&&o ao endofen&tipo e n&o ao organismo como um todo. Sua vantagem & que, ao contr&rio da maioria das hip&teses alternativas (como por exemplo, as de cunho territorialista, como em: Vieira, 1983), a perspectiva de se pensar em um fator de sele&&o relacionado ao endofen&tipo permite alinhavar um n&mero maior de conseq&&ncias de seu desenrolar e assim evitar ter que se haver com a necessidade de demonstrar que o custo/benef&cio do comportamento supostamente selecionado & filogeneticamente positivo. Como assinala Crow no t&tulo de um de seus mais famosos artigos, ' esquizofrenia seria um pre&o pequeno a se pagar pela aquisi&&o da linguagem'.
Paralelamente, a perspectiva de que perdas de assimetria cerebral estejam relacionadas & esquizofrenia perpassa o campo (para estudos recentes ver: Crespi e Badcock, 2008; Kelemen e K&ri, 2007), sendo que uma busca do software RefViz na base de dados PubMed revela 397 trabalhos simultaneamente associados &s palavras chaves 'schizophrenia/asymmetry/brain', nos &ltimos vinte anos (qualquer campo).
Uma das mais proeminentes teorias etiol&gicas (alternativa ao paradigma evolucion&rio) a que se op&e ao modelo de Crow & a de que a esquizofrenia seja fruto de instabilidades no desenvolvimento (Yeo et al., 1999). Notoriamente, o principal efeito destas instabilidades seria a perda de assimetria inter-hemisf&rica, aspecto o qual & apresentado por Yeo em associa&&o a uma s&rie de outros de mesma natureza, como aumento no n&mero de canhotos, altera&&es anat&micas da face e das linhas da m&o.
Por fim, a tend&ncia a se centrar foco na perda de configura&&o de networks frontotemporais, dado o seu car&ter eminentemente ling&&stico, encontra-se subjacente a algumas das mais proeminentes hip&teses neuropsicol&gicas da atualidade. Por exemplo, Robert Frith e colaboradores (Friston e Frith, 1995; Frith, 1996a; Frith, 2005a; Frith, 2005b; Frith, 1987; Frith, 1992; Frith, 1996b) propuseram que a origem das alucina&&es auditivas esteja relacionada a n&o-produ&&o de c&pia aferente (corollary discharge) de representa&&es ideativas (origem pr&-frontal) sobre as &reas auditivas. Segundo os autores, quando pensamos (na forma de subvocaliza&&es) produzimos uma c&pia do est&mulo sobre as &reas auditivas (principalmente no c&rtex temporal), a qual atenua a percep&&o do est&mulo, assim diferenciando-o dos que t&m origem externa. Na esquizofrenia isto estaria ausente, justamente acarretando a confus&o entre eventos de origem externa e interna. Estas novas tend&ncias incorporam o insight original de Crow, dentro de uma perspectiva mais ampla, a de anormalidades conectivas (da subst&ncia branca), tanto em redes espec&ficas, como & o que se entende pela hip&tese do corollary discharge, quanto em n&vel mais amplo, pelo modelo da instabilidade do desenvolvimento.
3. Simula&&o computacional de inspira&&o conexionista dos sintomas positivos
A id&ia de fazer simula&&es computacionais do processamento mental na esquizofrenia n&o & nova, mas apenas recentemente adquiriu consist&ncia a partir do trabalho pioneiro de Hoffman e colaboradores (Hoffman, 1999; Hoffman, 2008; Hoffman et al., 1995; Hoffman et al., 1999). Os autores utilizaram um modelo computadorizado de rede conexionista (artificial neural network) para caracterizar a emerg&ncia dos sintomas positivos, particularmente, alucina&&es auditivas.
De acordo com os autores, as alucina&&es podem ser equiparadas & intrus&o de palavras (n&dulos-neurais hiper-ativados) em uma rede de n&dulos-neurais com tr&s camadas estruturadas por propaga&&o reversa (back-propagation). Back propagation& um m&todo de maximiza&&o responsiva ao longo do tempo (aprendizado), por for&a de corre&&es no comportamento, mediadas pelo feedbackfornecido pelo output da rede sobre a magnitude (pesos) das conex&es. Em suma, rede & estruturada para receber de fora uma medida do seu erro e calcular o tipo de altera&&o que deve executar na ativa&&o dos n&dulos, para diminu&-lo (para introdu&&o ao tema: Johnson-Laird, 1988; Marcus, 2001). Tal representa um cl&ssico paradigma conexionista.
Hoffman e colaboradores tamb&m seguem o mesmo paradigma para conceber a distribui&&o inicial dos pesos e organiza&&o das conex&es, tal sendo inicialmente rand&mica e baixa, crescendo em intensidade seletiva e organiza&&o por for&a do aprendizado (para um modelo cl&ssico com caracter&sticas semelhantes ver: Smolensky, 1999).
Do mais, o sistema abriga uma rede de armazenamento tempor&rio, que remonta & mem&ria de curto prazo humana, com seu papel de intermedia&&o & assimila&&o das informa&&es & rede, na forma de altera&&o nos pesos conectivos. Em suma, esta intermedia&&o regula o que pode ser considerado como informa&&o, tal como o spam da mem&ria de curto prazo humano representa o l&cus da triagem atencional inicial do que seria est&mulo significativo do que seria t&o simplesmente ru&do, intermediando o processamento sem&ntico, e assim, eventuais altera&&es nestas redes.
O modelo de Hoffman e colaboradores (1995) foi organizado sobre 35 n&dulos artificiais na camada de entrada, 50 em uma camada intermedi&ria (chamada de 'camada oculta' pelo fato de n&o estar em contato com o exterior) e 43 na camada de sa&da. As altera&&es pl&sticas ocorrem fundamentalmente ao longo das camadas ocultas e representam um dos desafios em modelagem artificial (para detalhes ver: Marcus, 2001).
De acordo com os autores, a rede foi capaz de identificar a ocorr&ncia de uma palavra com 100% de acerto, ap&s 60 apresenta&&es da mesma, o que serviu de linha de base para a apresenta&&o/detec&&o de 23 novas frases, separadas por pausas. Na se&&o mais interessante do experimento, ru&dos foram tanto intercalados quanto sobrepostos &s frases, para se analisar a capacidade discriminativa da rede. &E de se considerar que a necessidade de se lidar com ambig&idades implica a chance de exibir hiper-ativa&&es, isto &, falsos positivos, tal sendo uma caracter&stica inexor&vel &s redes neurais humanas. Isto se explica da seguinte maneira: & de amplo conhecimento o fato de que a linguagem falada n&o & estruturada sonoramente em estrita fun&&o das pausas existentes na linguagem escrita. &E preciso que uma parte do sistema de interpreta&&o de s&mbolos seja de tipo top downe que ative seletivamente as cadeias neurais que implementam representa&&es verbais por meio de facilita&&es seletivas para o resgate de um leque restrito de representa&&es/palavras (para uma apresenta&&o detalhada, ver: Johnson-Laird, 1988), o que pode ser crucial para o comportamento inteligente. Por&m, isto pode levar a se escutar uma palavra por outra e mesmo uma palavra na aus&ncia de est&mulos externos.
Dado este proleg&meno, a id&ia de Hoffman e colaboradores foi a de conceber a alucina&&o como hipersali&ncia, a qual passou a representar o fulcro da modelagem computadorizada das alucina&&es verbais na esquizofrenia, assim consideradas como inexoravelmente relacionadas a maus funcionamentos na mem&ria de curto prazo. Mais especificamente: as alucina&&es foram definidas como o comportamento da rede em identificar palavras quando nenhum est&mulo exterior a est& alimentando, isto &, no intervalo entre trechos de informa&&o. Paralelamente, ilus&es foram definidas como identifica&&o equivocada destas informa&&es, n&o suficientemente processadas em rela&&o a poss&veis ambig&idades e ru&dos presentes na rede (a diferen&a entre alucina&&o e ilus&o foi discutida consistentemente por Schneider (1959).
Discuss&o:ao longo da hist&ria da modelagem artificial do processamento informacional humano, duas tend&ncias classicamente se opuseram, o 'sistema f&sicosimb&lico' e o 'sistema conexionista'. O primeiro & mais antigo, inspirado no modelo de computa&&o de Turing e depois de von Neumann e tem como m&xima o proleg&meno de que a mente se estruturaria como um computador digital, isto &, com n&veis hier&rquicos, rotinas e sub-rotinas organizadas por for&a destes e, sobretudo, por uma mem&ria feita de s&mbolos e um processador central operador de s&mbolos. O segundo & mais recente, fruto do trabalho de v&rios parceiros e tem como m&xima a baixa programa&&o inicial, correlata da organiza&&o rand&mica dos pesos iniciais, baixa hierarquia e baixa import&ncia de cada n&dulo em rela&&o & rede e o aprendizado eficiente.
Se h& uma tend&ncia nas modernas simula&&es do processamento mental, na normalidade e na esquizofrenia, & a de que ambos est&o errados em rela&&o a alguns de seus princ&pios elementares, estando certos em rela&&o a outros.
O fato de ser o modelo f&sico simb&lico falho em fun&&o do fato de que as redes neurais humanas n&o exibem a rela&&o c&lula/s&mbolo, tornou-se de amplo conhecimento (para uma das melhores explica&&es ver: Searle, 1990) e n&o est& mesmo sob nosso foco. Menos evidente & o fato de que o sistema conexionista de tipo cl&ssico (pesos rand&micos e baixos, pouca hierarquia intr&nseca, etc.) tampouco produzir uma representa&&o plenamente significativa.
Especificamente, a tend&ncia que desponta & a de se considerar que as conex&es entre os neur&nios reais produzem um fen&meno chamado ' estado de pequeno mundo' (small worldness), relativo & maximiza&&o conectiva em redes locais e, desde estas, no SNC como um todo, possivelmente refletindo o efeito de press&es seletivas sobre a maximiza&&o do endofen&tipo (sob o bin&mio maximiza&&o/custo energ&tico). Para que esta maximiza&&o tenha tomada forma, foi imprescind&vel que as &reas que conhecemos como unimodais, transmodais e multimodais, obedecessem a princ&pios hier&rquicos intr&nsecos, expressos na forma de diferen&as seletivas no padr&o de conectividade local e distal, provavelmente facilitados pela ativa&&o de genes espec&ficos (Andreone et al., 2007). Isto &, para a configura&&o da rede em sua qualidade de maximiza&&o conectiva, deve haver diferen&as nos padr&es de conectividade, com certas &reas dotadas de maior n&mero de liga&&es proximais e outras, com maior n&mero de liga&&es distais. O que independe do peso relativo das conex&es estabelecidas. An&lises baseadas em imageamento por difusor de tens&o (DTI) sugerem que isto de fato ocorra nos c&rebros humanos (Bassett et al., 2008).
Esta conjuntura afeta a consist&ncia do modelo de Hoffman e colaboradores, complementando as ressalvas (j& antigas) &s tentativas de modelar a aquisi&&o de conhecimento atrav&s da perspectiva de que os pesos iniciais das conex&es de uma rede de processamento informacional de inspira&&o humanista possam ser de tipo rand&mico.
Ainda mais amplamente, back propagationn&o & um modelo v&lido de modelagem do aprendizado em humanos, pois, freq&entemente, n&o h& ningu&m a alimentar as redes neurais org&nicas, atrav&s da corre&&o de erros. Como muitos autores j& assinalaram no passado, uma modelagem eficiente precisa contemplar o fato de que o aprendizado verbo-ideativo se d& menos pela corre&&o de erros do que pela imita&&o daquilo que um sujeito assume como aceit&vel no comportamento alheio. Em termos t&cnicos, ela precisa ser apenas feed forwarde aprender pelo acerto sem depender de conting&ncias refor&adoras imediatas.
Do mais, a aplica&&o dos estudos de pequeno mundo &s altera&&es neurol&gicas na esquizofrenia revela que o padr&o de integridade das networks locais e distais est& diminu&do na s&ndrome e que isto se relaciona & emerg&ncia de sintomas (Liu et al., 2008; Micheloyannis et al., 2006; Mizraji e Valle-Lisboa, 2007; Rubinov et al., 2007; Stam e Reijneveld, 2007). A implica&&o que isto tem para o modelo de Hoffman e colaboradores & a de que n&o & poss&vel se modelar a alucina&&o pela intrus&o de um est&mulo hiper-ativado oriundo da rede provis&ria, devendo ser contempladas as altera&&es na topologia da por&&o mais est&vel da rede.
J& por outro lado, a id&ia de que a alucina&&o emerge da hiper-ativa&&o de networks que implementam s&mbolos & v&lida, como demonstraram Hoffman e colaboradores (2003), atrav&s da aplica&&o de EMT (estimula&&o magn&tica transcraniana) de baixa ativa&&o (hiperpolarizante), enquanto & de se notar que a intrus&o & um fen&meno recorrente na esquizofrenia e se relaciona &s expectativas do portador da s&ndrome, como salientaram Beck e Rector (2005). Isto explicaria porque portadores de esquizofrenia t&m uma tend&ncia aumentada para escutar vozes na presen&a de ru&dos brancos (Margo et al., 1981).
Um aspecto digno de nota & que, ao contr&rio do que foi poss&vel apontar nas se&&es anteriores, n&o podemos falar propriamente em legados, mas sim na import&ncia e no pioneirismo da modelagem, dado o car&ter recente dos estudos em quest&o. &E not&vel o fato de que uma busca do software RefViz nas bases de dados PubMed, Ovid MedLine e Web of Science atrav&s da associa&&o de palavras-chave schizophrenia and computer and model, entre os anos de 2005 e 2008, resulta em 138 resultados (qualquer campo) e que, entre estes, talvez nenhum tenha sido capaz de superar o modelo de Hoffman e colaboradores, na tarefa de ilustrar a emerg&ncia dos sintomas positivos. Ainda que isto signifique que entraves epistemol&gicos inexistam.
4. Conclus&o
A tend&ncia & supera&&o move a ci&ncia, na exata medida em que nos mostra que a dilui&&o de uma hip&tese em outras &, porventura, seu verdadeiro atestado de sa&de, na medida em que assim permanece no bojo da inova&&o. Neste sentido, o pesquisador pode se beneficiar ao assumir uma postura de hermeneuta, contemplando, para al&m do certo e do errado, o car&ter estrat&gico de determinados insights originais e derivados. &A ci&ncia livre e politicamente desinteressada n&o interessa a perspectiva de se 'pegar ou largar' uma hip&tese, bem como, tampouco, a de se posicionar frente a cada acr&scimo te&rico tal como se o passado tivesse subitamente deixado de existir.
5. Refer&ncias bibliogr&ficas
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Submetido em 10/05/2009
Revisado em 23/10/2009
Aceito em 30/10/2009
A.M. Dias& Graduado em Psicologia (IP-USP), Mestre em Psicologia (USP) e Doutorando do Departamento de Neuroci&ncias e Comportamento (NEC-USP). E-mailpara correspond&ncia: .
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